O meerschaum ou espuma-do-mar
O nome deste material não tem nada a ver com o mar, sendo que é um mineral de magnésio e silício que, do ponto de vista químico, é um trissilicato-hidrato de magnésio – (H4Mg2Si3O10) –, conhecido como sepiolita. Esse mineral é encontrado em sua mais pura forma na Turquia, numa área de aproximadamente 10 km2, perto da cidade de Eskisehir (circulo e sublinhado verde no mapa), na Anatólia, em nódulos ou blocos, do tamanho médio de uma toronja, a profundidades de 30 a 100m. Depois di mais de três séculos de exploração a procura está fazendo-se mais difícil e é preciso escavar mais fundo para encontrar blocos adequados para cachimbos de bom tamanho; além disso, o numero de trabalhadores competentes está diminuindo porque deixam o trabalho para empregos mais lucrativos.
A fabricação dos cachimbos
Os blocos desse mineral leve, fofo e húmido, logo depois de extraídos, são selecionados e separados de acordo com a sua qualidade, limpados, mergulhados na parafina e cortados num esboço que aproxima a forma final do cachimbo; neste esboço é cavado o fornilho e perfurada a passagem do ar no cabo.
O esboço é colocado num forno de alta temperatura para remover toda a umidade e endurecer a peça que, em seguida, é entalhada na forma desejada: a esta altura a peça pode ser mergulhada de novo num banho de parafina liquida.
A piteira é inserida no cabo, geralmente por meio de uma rosca no cabo e de um parafuso na piteira. Cabeça e cabo são cuidadosamente polidos com abrasivos, até dar a aparência final.
O cachimbo polido (sem a piteira!) é mergulhado em cera de abelha líquida: a cera quente penetra nos poros microscópicos desse material; o banho pode ser repetido uma o mais vezes. É a cera de abelha que confere ao cachimbo de espuma a propriedade de mudar de cor quanto mais é fumado.
Formas e propriedades dos cachimbos de meerschaum
Os cachimbos de espuma são produzidos em todas as formas clássicas e também esculpidos nas formas mais variadas como cabeças de mouro, figuras mitológicas, retratos de personagens famosos e outras.
Os cachimbos de espuma do mar têm a característica de mudar de cor com o uso, passando do branco ou branco-amarelado inicial ao rosado, ao bege, ao bege, ao marrom, até chegar, depois de muito fumar, ao preto. O problema para quem está estreando um belo cachimbo de Meerschaum é decidir se quer curtir somente o gosto especial que tem o tabaco fumado nesse material ou se quer o prazer de possuir um cachimbo uniformemente colorido.
Se o sentido privilegiado é o gosto, não se preocupem, usem-no como se fosse de briar, encham o fornilho de tabaco, acendam, preferivelmente com um fósforo para não danificar o cachimbo, e fumem: o cachimbo em espuma não precisa da crosta de carvão e, portanto, pode ser carregado até o topo do fornilho desde o começo. Não se decepcionem com o gosto das primeiras fumadas, que cheiram a cera, conforme o tratamento que o cachimbo recebeu na fábrica; depois de quatro ou cinco fumadas poderão apreciar a delicadeza do gosto do tabaco.
Se o que se deseja é privilegiar a visão e pretender que o cachimbo ostente a mesma cor em todas suas partes, é necessário (precisa) muita paciência e muito desperdício de tabaco. O carregamento inicial do fornilho deve ser até o topo, e na primeira fumada, consumido somente a camada superficial do tabaco, chegando até
Particularmente, nunca tive vontade de trilhar o longo caminho até adquirir um cachimbo de Meerschaum perfeito e uniformemente colorido, preferindo saborear o tabaco, especialmente daqueles encorpados como o Night Cap, da Dunhill. Mas parece que também no passado não eram muitos os donos de cachimbo de espuma com a paciência suficiente para colorir adequadamente o Meerschaum, surgindo, daí, uma profissão. Na Paris da metade do século 19, os cachimbos eram entregues a especialistas que, fumando sem parar, conseguiam devolver aos donos cachimbos de espuma com a coloração que eles realmente desejavam.
A limpeza do cachimbo de Meerschaum é diferente da do cachimbo em briar, porquanto não se deve permitir a formação da camada de carvão ou bolo no interior do fornilho, o que afetaria a coloração, poderia provocar lesões no cachimbo e é desnecessária para a qualidade da fumada. Manuseando a cabeça do cachimbo com as mãos protegidas com luvas de algodão ou pelo menos a segurando com um lenço, eliminar cuidadosamente os restos de tabaco com a ajuda do alfinete ou, melhor, com um palito de madeira, limpando depois a parede com papel higiênico. De vez em quando se aconselha usar o raspador para remover a incrustação de carvão, operação que, devido à fragilidade do material, tem que ser feita com a máxima delicadeza. A limpeza da passagem do ar deve ser feita com uma escovinha seca ou apenas umedecida com água; o uso de líquidos alcoólicos deve ser evitado porque afeta as ceras com que é impregnado o cachimbo. A limpeza da piteira depende do material de que é feita. Se a piteira é de âmbar, material precioso usado somente para cachimbos de espuma valiosíssimos, o uso de álcool deve ser evitado, mas é permitido se a piteira é de outros materiais.
Depois de limpá-los os cachimbos devem ser guardados em seus próprios estojos, como aqueles na foto ao lado ou, em falta, em caixinhas forradas com pano.